quinta-feira, 17 de dezembro de 2015
O DIA QUE UM NINJA INVADIU A NOSSA CASA
Ainda sobre as coisas que os teus sogros não te dirão sobre a sua esposa…
Éramos “recém-juntados”, começando agora a ver como é a vida a dois, tudo lindo, tudo novidade… Em uma das nossas primeiras noites no nosso apartamento, sabe quando tu acorda de leve pra se virar na cama? Só pra se ajeitar e volta a dormir rápido? Então, me viro de lado voltando agora a cara pra ela e quando vejo, ela está com os olhos arregalados olhando fixamente pra mim! Um palmo de olho!
Eu: “Porra, fdp! Que isso?! Que foi?!”
Ela sem piscar (aquilo me deu uma agonia): “Tem um homem no escritório…”
Da nossa cama, deitado, levantando a cabeça mirando o meu pé e olhando por cima dele levemente pra direita, via a porta do meu quarto, o corredor e a porta do escritório.
Eu pensando comigo e olhando para o escritório: “CARALEEEEOOOO!! Ladrão!!! Como?! Terceiro andar… chequei 4 vezes todas as fechaduras da porta antes de dormir…” (e isso vira um vício depois que tu sai da casa dos pais, checar as fechaduras antes de dormir).
Olho pra ela, e tá ela lá com meio metro de olho, sem piscar, e fala baixinho: “Vai lá…”
Na hora veio na minha cabeça: “Cadê o meu pai, cara?! Porra! Vai lá como?! Tu tem uma arma aí? Uma espada? Faca? Caneta?”
Naquele tempo eu ainda usava óculos(não tinha operado a miopia), não enxergava nada depois de 1 metro, era só borrão… e no escuro? Tudo em tons de cinza… e igual no livro, ia ter sacanagem, mas quem ia se fuder era eu, né?
Estiquei o braço pra catar os óculos na mesa de cabiceira… cadê que eu acho? Lembro de ter pensado: “Cara, sou o único homem da casa, fud**, fud**… fud** muita coisa agora… Não posso ficar aqui deitado, acabei de casar, não posso passar a imagem de frouxo". Aí lembrei da famosa frase: “Mas vale um covarde vivo do que um herói morto” e por alguns segundos eu pensei em falar isso pra ela, mas ia queimar o filme já logo de cara. Se eu for e morrer (e ela sobreviver), ao menos espero que ela conte que eu fui corajoso. Só não caguei porque não tinha nada pra sair naquela noite…
Levanto, só de cueca, cego… e só ouvia meus batimentos, olhando pra cada canto, porque estava tudo muito silencioso e escuro. Não ia sair acendendo luz avisando a minha chegada para o bandido, afinal, eu conhecia cada canto dali, ele não. Lembro de ter pensado: “Esse filho da p*** além de ladrão é ninja?! Como que tu rouba uma casa sem fazer barulho nenhum?! Viado!!!”. Saindo do quarto, passo pelo banheiro, olho procurando vultos, vai que tem um comparsa? Nada no banheiro… Daí chego numa bifurcação… sala do lado direito e escritório a frente. Olhos de camaleão! Vesgo tentando olhar ambos os lados para não ser surprendido… nada! Nem vulto, nem barulho! Xingo o ninja de novo! Chego no escritório, coração batendo na garganta, cerro as mãos querendo muito pegar o escroto desprevinido ao mesmo tempo que não queria esbarrar com ninguém. Entro meio agachado, paro pra ver se vejo vulto, vou olhando devagar todos os cantos, atrás da cadeira, debaixo da bancada, em cima das prateleiras (Aí tu fala: “Em cima das prateleiras?! Como o cara ia subir nas prateleiras?!” Na hora te respondo: “O cara é ninja, parceiro, deve ser leve pra caralho porque até agora não ouvi som nenhum!”)… e nada lá também! No escritório tinha uma porta que dava pra varanda que dava pra sala que dava pro corredor que eu acabei de passar… “O samurai escroto deu a volta e ou vai tentar me ludibriar ou vai tentar chegar no quarto onde a Cecilia está sozinha!”. Dou um pulo, 180º! O chão tremeu! “Pronto, entreguei minha posição!” Olho pra sala rápido já indo para o quarto pra salvar a Cecilia! Chego no quarto, tá ela sozinha, com aqueles olhos de pug atropelado! Porra, que nervoso aqueles olhos, cara!
Volto pra sala, na ponta dos pés, quase tendo um infarto… nada! Vou pra cozinha e aí penso que agora o bagulho podia ficar mais sério, porque tem faca pra caceta lá. Entro na cozinha e no c* não passava pensamento de tão lacrado… e nada! Olhei rápido pra área de serviço e nada! Só restou quarto de empregada! Filha da puta ninja ta escondido ali!! Fiquei uns 2 minutos esperando o cara sair… nada! Aí eu falei: “A polícia chegou, seu otário!”… mais dois minutos e nada! Silêncio da porra! Ele devia estar com mais medo que eu. Fico do lado da porta do quartinho e meto a mão rápido lá dentro pra tentar acertar o interruptor e acender a luz! Agora eu já via as coisas em tons de amarelo, já estava enxergando menos pior. Olho rápido lá dentro… nada! Já comecei a olhar para o teto… olha onde chega a paranóia! Entro no quarto, abro a despensa com um cagaço da porra… nada! Aí, maluco! Já achei que o cara tinha fugido pela janela, sei lá… Volto acendendo a porra toda, olho tudo de novo… lembro de ter olhado para o home da sala pra ver se meu Xbox estava lá e estava (que alívio)…
Apago tudo, volto pra cama pra tranquilizar ela e acalmar aqueles olhos gigantes…
Eu: “Zão, não tem ninguém no apartamento… Zão?! Razãoooo?!?!”
A cretina estava simplesmente rooooooncando!!! Viada!!! Foi um pesadelo?! Como consegue voltar a dormir com o marido cego, só de cueca, catando bandido pelo apartamento de madrugada?! Quem conhece a Cecilia sabe como ela tem “dificuldades” pra pegar no sono, mas eu não conhecia essa doença que ela tem até então… Além de cair no sono muito rápido, ela acorda nos meios do sonho achando que aquilo é real e quem se fode sou eu… e quando ela sonha que eu estou traindo ela?! Jesuuuus!
E pra dormir depois? Aceleradão! Naquele dia pensei que meu casamento não ia durar muito, pois meu coração não ia aguentar aquilo outra vez…
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário